10 lugares com arquitetura incrÃÂvel para visitar no Brasil
Conhecer o mundo é também passear pela arquitetura das cidades, entender um pouco como e por quê as coisas foram construídas, desvendar as histórias que os prédios guardam e revelam, revisitar as características de determinadas épocas.
Apesar de jovem – sim, 500 anos não são tanta coisa assim – o Brasil possui alguns tesouros arquitetônicos incríveis e, guiados pelo olhar cuidadoso do arquiteto sergipano Ítalo Leal, a gente convida você para uma viagem deliciosa por 10 lugares do nosso país cuja beleza arquitetônica impressiona.
Palacete das Artes
Foto: palacetedasartes.ba.gov.
Onde: Salvador, Bahia.
A primeira capital do Brasil é composta por uma arquitetura colonial, herança da colonização portuguesa, com seu estilo inicialmente barroco. Dos monumentos conhecidos, destacam-se o Elevador Lacerda e todo o conjunto arquitetônico Pelourinho.
Para fugindo dessa rota mais turística, uma ótima dica é visitar o bairro da Graça, onde fica o Palacete das Artes. Com estilo arquitetônico predominantemente francês, o lugar sofreu uma intervenção arquitetônica em 2003, quando foi criado um volume reto e suspenso com estilo modernista, que agregou ainda mais valor ao prédio.
Não deixe de ver: As obras de Auguste Rodin, além de várias exposições permanentes e temporárias.
Dica do arquiteto: Aproveite a tarde para tomar um café ao fundo do palácio. Vale a pena dar uma olhada na programação para saber se vai rolar um som ao vivo, como jazz ou MPB com um sotaque baiano. Observe a leveza desse novo prédio. Apesar de ser um volume puro e reto, na parte interna do Palacete há uma sala toda em madeira onde é bacana ver a estrutura de cobertura da casa.
Foto: arcoweb.com.br
Foto: arcoweb.com.br
Onde: Ilópolis, Rio Grande do Sul
Se você estiver preparando uma viagem pela Serras Gaúchas, visite o Museu do Pão. Normalmente, os passeios nessa região incluem muitos roteiros gastronômicos, mas comer com os olhos também faz bem. Então, aproveite!
Com uma arquitetura mais europeia, a região das Serras Gauchas conta com chalés incríveis, fruto da colonização italiana e alemã. O Museu do Pão surgiu para manter viva a colonização dos italianos no Vale do Taquari, além de ajudar a criar, futuramente, uma rota turística chamada “Caminhos dos Moinhos”, que nos leva numa viagem ao tempo dos imigrantes italianos no Brasil.
Não deixe de ver: o que chama mais atenção no Museu do Pão é a integração entre os dois novos volumes arquitetônicos construídos ao lado do antigo Moinho de arquitetura italiana. Além disso, é fácil perceber elementos arquitetônicos como a mão francesa, presente no prédio contemporâneo. Muitos elementos da região foram agregados ao projeto de intervenção, a exemplo do gradil do corrimão, bastante presente em outras edificações da cidade.
Dica do arquiteto: Se tiver um tempinho sobrando, faça uma aula de produção de pão. O Museu conta com uma oficina de panificação. Quem observa tudo realmente em detalhes vai perceber uma pequena semelhança entre o Museu do Pão, em Ilópolis, e o Palacete das Artes, em Salvador. Ambos são prédios antigos, que sofreram intervenções arquitetônicas contemporâneas sem agredir esteticamente o prédio principal. Os dois museus são projetos do mesmo arquiteto. =)
Onde: São Paulo, capital.
A capital paulista é sempre um desbunde de roteiros turísticos, gastronômicos e de badalações. Apenas numa ida à Avenida Paulista, já é possível visitar prédios icônicos e que fizeram história, dentre eles o MASP, projeto da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi.
Ela também assina a Casa de Vidro, projeto pouco conhecido, mas lindo e cheio de história. A casa foi residência da arquiteta por mais de 40 anos e recebeu este nome por apresentar uma arquitetura modernista com uma fachada de vidro que parece estar flutuando. Foi ponto de encontro de artistas, arquitetos e intelectuais, como Max Bill, Steinberg, Gio Ponti, Calder, John Cage, Aldo van Eyck e Glauber Rocha.
Não deixe de ver: O instituto está localizado em um terreno de 7 mil m². Caminhe pelos jardins decorados com pedras e pedaços de cerâmica, organizados pela própria Lina Bo Bardi. Além das exposições permanentes sobre a vida da arquiteta, sempre rolam exposições temporárias voltadas ao temas como a arquitetura, o design, o urbanismo e a cultura popular.
Dica do arquiteto: Se gostar do passeio, vá conhecer também as inúmeras obras da arquiteta na capital paulistana, entre elas o MASP e o Sesc Pompeia, exemplares modernistas na capital que nunca dorme.
Onde: Rio de Janeiro, capital.
Nesta seleção de 10 lugares, esta é a obra mais atual. Com a assinatura inconfundível do espanhol Santiago Calatrava, o prédio tem um estilo contemporâneo muito próprio, característico do arquiteto, sem muitas regras.
Inaugurado há pouco tempo, o museu é um presente para o Brasil. Formas orgânicas inspiradas nas bromélias do Jardim Botânico fizeram esse novo cartão postal, que ocupa uma área de 15 mil metros quadrados e é rodeado de espelhos d’água, entrar no hall das grandes obras internacionais.
Não deixe de ver: A começar pelo próprio volume do museu, antes de acessá-lo, dê uma volta em seu entorno e observe como o volume se apresenta ancorado no Pier Mauá, com uma estrutura aparentemente leve e orgânica. Depois, perca-se nas exposições interativas permanentes e temporárias, e descubra um pouco do nosso amanhã.
Dica do arquiteto: Para quem é muito observador e gostou bastante da volumetria do novo museu, vale a pena fazer uma pesquisa sobre Santiago Calatrava e ver outras obras deste arquiteto, que constrói verdadeiros cartões postais no mundo, a exemplo da Puente de La Mujer, em Buenos Aires.
Onde: Brasília, Distrito Federal
Das obras primas do mestre Oscar Niemeyer, o CCBB Brasília é uma das que valem a pena conhecer. Localizado no Setor de Clubes Sul e inaugurado em 1993, o prédio é construído sobre pilotis, no melhor estilo modernista, e está dividido em módulos, sendo o Centro Cultural a parte principal.
Não deixe de ver: Além da estrutura física do prédio, o seu paisagismo é assinado por Alba Rabelo Cunha. Não deixe de visitar as exposições e confira a programação do cinema, sempre com obras fora do circuito mainstream, além dos shows e eventos que costumam acontecer no local.
Dica do arquiteto: O CCBB disponibiliza ônibus gratuito. Verifique os pontos de partida e os horários no site. Aproveite para dar um giro pelos principais prédios da capital, além de apreciar o por-do-sol no Lago Sul.
Foto: Casa Vogue
Onde: Recife, Pernambuco
Na Veneza brasileira, o destaque vai para a influência holandesa. O Recife Antigo é ponto de partida para todo turista e o site da Prefeitura local dá dicas de roteiros arquitetônicos com influências europeias. Vale a pena conferir.
Mas se você quiser fazer algo diferente, visite a Casa Grande e o Museu Gilberto Freyre. Localizada no bairro de Apipucos e construída em meados do século XVIII em estilo colonial, a casa do escritor e sociólogo foi transformada em fundação no ano de 1985. O espaço reúne todo o acervo pessoal de Freyre, incluindo livros, mobílias e retratos.
Não deixe de ver: A raríssima edição portuguesa de Os Lusíadas, de Camões, editada em série de 150 exemplares. Além disso, todo o mobiliário que conta a história desse ilustre morador.
Dica do arquiteto: Vale fazer um combo Recife + Olinda e ir um pouco além para conhecer uma das praias próximas à capital pernambucana, como Muro Alto, e relaxar nos resorts com arquitetura incrível, no melhor estilo caiçara.
Onde: Fortaleza, Ceará
Inaugurado em 1972, em homenagem ao ex-presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, o lugar abriga seus restos mortais e tornou-se um cartão postal de Fortaleza por ter uma forma de prisma alongado, feito em concreto protendido (só assim a estrutura suportaria um balanço de 30 metros!).
Com seu estilo modernista, visível nas formas puras e disposições dos volumes, leva a assinatura do arquiteto carioca Sérgio Bernardes. Já o projeto paisagístico é de ninguém menos que Roberto Burle Marx.
Não deixe de ver: Com 4 mil m², o Conjunto do Palácio da Abolição é composto por quatro blocos: o Palácio de Despachos e residência oficial do governador, o bloco administrativo, o Mausoléu e a Capela. Não deixe de ver, pelo menos externamente, todos os blocos e conheça por dentro o Memorial em homenagem ao ex- presidente.
Dica do Arquiteto: Fortaleza apresenta uma arquitetura incrível. Além de prédios públicos e residenciais, as estruturas físicas de alguns bares são um show à parte. Vá e aproveite a noite.
Onde: Belo Horizonte, Minas Gerais.
Eu pensava que poderia conhecer todo o conjunto da Pampulha andando. Nada disso! Com uma área gigantesca, o complexo mineiro projetado por Oscar Niemeyer é espalhado em volta da Lagoa da Pampulha e inclui a Casa de Baile, o Cassino, o Iate Clube e a Igreja de São Francisco, pequena, mas lindíssima com seu painel assinado por Portinari.
Não deixe de ver: O pôr do sol na Casa de Baile, com o sol refletido no espelho d’água e iluminando a marquise sinuosa. É, no mínimo, poético.
Dica do arquiteto: Saia para almoçar na região da Pampulha em algum dos restaurantes típicos da região, que lhe recebem com toda fartura, no melhor estilo mineiro. Depois, tire uma tarde para passear com calma pela Pampulha e ainda pegar o pôr do sol.
Foto: arcoweb.com.br
Onde: São Paulo, na capital.
Projetado no final do século XIX pelo escritório Ramos de Azevedo, o edifício do Liceu de Artes e Ofício abriga hoje a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Com seu estilo neoclássico, o lugar recebeu, no final da década de 1990, uma grande reforma assinada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha.
A intervenção moderna inclui passarelas metálicas em aço que ligam um lado ao outro pelo vão central e não agrediu de forma alguma a estética do prédio existente, passando uma ideia de que aquelas passarelas sempre estiveram lá. Surpreendente!
Não deixe de ver: Além das obras brasileiras produzidas no século XIX, o jardim anexo à Pinacoteca e o café no subterrâneo são um convite a parte para ficar por lá e aproveitar a delícia de ver o dia passar.
Dica do arquiteto: Conferir sempre a programação da Pinacoteca, com suas exposições premiadas, mini shows gratuitos e de fácil acesso. Usar o metrô e para se locomover também é um bom passeio urbanístico.
Obra em andamento / Foto: Google Maps
Onde: Rio de Janeiro, na capital.
Um projeto que está sendo construído e irá mudar totalmente a paisagem urbana de um dos bairros mais famosos do Rio de Janeiro, será o Museu da Imagem e do Som. Na Avenida Atlântica, em Copacabana, entre prédios estreitos e altos (colados um ao outro), irá brotar um exemplar da arquitetura contemporânea.
O projeto assinado pelo escritório americano Diller Scofidio + Renfro foi escolhido por meio de um concurso entre os sete escritórios de arquitetura mais importantes do Brasil e do mundo.
Não deixe de ver: Mesmo ainda não inaugurado, é impossível não notar a construção do novo museu, que destoa de todo o paredão formado por prédios residenciais e comerciais. É o máximo o impacto causado pela arquitetura!
Dica do arquiteto: Quando estiver em funcionamento, o MIS vai oferecer uma vista deslumbrante para o maravilhoso mar que só o Rio de Janeiro tem, além de exposições, cinema/teatro, lojas, café, boate e mirante.
Fonte: http://agenteviaja.net
Museu do Pão
Casa de Vidro
Museu do Amanhã
Centro Cultural Banco do Brasil
Casa Grande e Museu Gilberto Freyre
Mausoléu Castelo Branco
Conjunto Arquitetônico da Pampulha
Pinacoteca de São Paulo
Museu da Imagem e do Som – MIS