Diogo Giácomo Tomazzi em sua melhor forma
O designer e arquiteto catarinense, que desenvolve produtos para diversas marcas renomadas, fala com o blog Casa & Design sobre suas criações e inspirações
O entrevistado do blog Casa & Design mira longe e sabe muito bem o quer. O arquiteto e designer catarinense Diogo Giácomo Tomazzi já trabalhou com Marcelo Rosenbaum, exerceu a função de diretor criativo do estúdio da arquiteta Fernanda Marques, onde foi corresponsável pela idealização do conceito de marcas como John John e Les Lis Blanc, e assinou junto com o escritório Marchetti + Bonetti o projeto do restaurante do Museu da Casa Brasileira, em São Paulo.
Também participou de inúmeras feiras de design, lançou peças por marcas renomadas como Carbono, Clami, Galeria Coletivo Amor de Madre, marcenaria Paulo Alves, By Kamy, Vermeil, entre outras, e, neste ano, assina criações para a paulistana Breton e também para a catarinense Milênio Home. Em 2018 pretende usar toda a sua inventividade para avançar no cenário nacional, deixando sua marca em uma coleção de estofados e em uma reedição de luminárias.
Baseado em São Paulo, mas com um pezinho aqui em Santa Catarina - nasceu em Itajaí - Diogo contou ao blog sua movimentação na cena brasileira de design:
BLOG CASA & DESIGN: Por quê a escolha pela arquitetura e logo após desenho industrial?
Diogo Giácomo Tomazzi: Quando escolhi a arquitetura é porque era a área que mais se aproximava do que eu queria fazer profissionalmente e durante o curso fui estudando alguns designers e conhecendo vários nomes. Além de que, tive a influência da orientadora do meu Trabalho de Conclusão de Curso, que havia morado na Suécia e tinha estudado numa escola de design. A partir daí o meu interesse por design foi aumentando. Depois, com os anos, em paralelo à minha atividade de arquiteto eu fui praticando e me dedicando completamente ao design. Foi um objetivo de vida que busquei e que alcancei.
De onde parte a sua inspiração?
Parte de diversas fontes. Existem vários nomes que são referências no design nacional e que me inspiram: Oscar Niemeyer, Lina Bo Bardi, Sérgio Rodrigues e e Irmãos Campana, por exemplo. Morar em São Paulo me proporciona experiências que acabam interferindo positivamente na minha criatividade, como as visitas às galerias de arte, museus e exposições. Circular pela parte antiga do Centro da cidade também é inspirador. Meu trabalho está muito baseado na pesquisa de formas, materiais e eu gosto de fazer alguns resgates, trazendo uma pegada vintage para as minhas peças.
Qual a última coleção lançada e qual foi o gatilho para criá-la?
Minha última coleção foi lançada pela Breton. Foi inspirada nos projetos de interiores dos anos 50, 60 e 70, o que dá a ela um perfume vintage. Fui muito influenciado também por toda a aura que girava em torno da “Bossa Nova”, movimento musical que nomeia o acervo para a Breton.
"Meu trabalho está muito baseado na pesquisa de formas e materiais. Gosto de fazer alguns resgates, trazendo uma pegada vintage para as minhas peças" - Diogo Giácomo Tomazzi
Falando de design e desenvolvimento de produtos, como você vê Santa Catarina no cenário nacional?
Temos um grande representante no cenário nacional, o Jader Almeida. Ele soube muito bem unir tecnologia com design. Existem algumas pessoas que fazem design em santa Catarina e desenvolvem bons projetos. Sem falar da indústria moveleira catarinense, que é muito forte, tem qualidade e uma capacidade de produção com tecnologia tremenda. O bacana é que essas empresas começaram a despertar o interesse por designers brasileiros, chamando-os para assinar algumas criações. Mas ainda assim acredito que esta parceria poderia ser maior.
Arquitetura ou desenvolvimento de produtos? Qual a sua onda e por quê?
O estudo da arquitetura e a projeção de interiores me deram o domínio de escala para eu criar produtos extremamente funcionais e que se encaixem bem nos projetos. Para mim, o desenvolvimento de produtos é uma arquitetura em pequena escala e é a área que tenho mais domínio. A criação das peças é uma atividade um pouco mais ágil. É mais rápido pensar um objeto ou móvel, produzi-lo e vê-lo finalizado. Diferente de um projeto arquitetônico, que pode levar meses ou anos para ser concretizado. Gosto de trabalhar com objetos que tenho mais domínio, que eu consiga projetar com mais habilidade e certeza.
Suas criações estão em algumas lojas do shopping Casa & Design. Quais peças estão em nossas vitrines?
Eu tenho umas peças da coleção Dolce Vita que estão na vitrine da Moad Home. Elas são fabricadas pela Milênio Home e foram lançadas neste ano na ABIMAD. Foi minha primeira incursão na indústria e está tendo resultado altamente positivo. O acervo é composto por mesas de centro, laterais, componíveis e de jantar, produzidas em cobre, madeira ou mármores italianos.
O que define o bom design?
O bom design envolve alguns fatores: estética agradável (bonito), funcionalidade, viabilidade de produção, ser industrialmente executável e com um custo - dependendo do público - competitivo. Isso não quer dizer que tenha de ser barato, pois pode atingir diversas faixas de consumidores.
Para quais marcas cria atualmente e podemos esperar por mais novidades by Giácomo Tomazzi?
Este ano tenho desenvolvido trabalhos com algumas empresas aqui de São Paulo. Para a Breton criei a linha Bossa Nova e tenho uma parceria com a Vermei. Outra empresa, também de São Paulo, irá reeditar uma linha de luminárias que eu já projetei. Além disso, também estou desenhando uma linha de sofás para uma marca de mobiliário. Vou participar da MADE - uma feira internacional de design colecionável - que acontece agora em julho e é focada em novos lançamentos, inovação e novos nomes. Estaremos com algumas peças novas do Giácomo Tomazzi Studio - uma marca própria que comercializa peças menores.
Quem são seus arquitetos e designers prediletos e quais os ensinamentos deles que você transpõe para as suas criações?
Na graduação estudei alguns arquitetos que me marcaram muito, como: Oscar Niemeyer, Lina Bo Bardi, Irmãos Campana, Sérgio Rodrigues - não tem como falar de design nacional sem falar dele - Flávio de Carvalho e Paulo Mendes da Rocha.
Onde fica o seu estúdio atualmente?
O estúdio fica em São Paulo, mas tem uma base em Santa Catarina, em Balneário Camboriú. Como minha família ainda mora aí no estado, estou sempre fazendo esta ponte entre SP e SC. Além disso, também tenho investido em empresas catarinenses.
Você ainda surfa? Quais seus picos favoritos?
Já não surfo há um bom tempo e minhas práticas atuais são yoga e meditação. Hoje eu busco espaços que me conectem com a natureza. Curto muito o litoral e lugares que me inspiram, oxigenam e me ajudam a ter novas ideias.
Foto: Raul Fonseca