Joel Pacheco lança arquitetura e paisagem Florianópolis e Açores
05 de dezembro de 2013

Joel Pacheco lança arquitetura e paisagem Florianópolis e Açores

Joel Pacheco lança arquitetura e paisagem Florianópolis e Açores

O novo livro do arquiteto, fotógrafo e programador visual Joel Pacheco, “Arquitetura e Paisagem – Florianópolis e Açores”, será lançado dia 5 de dezembro, às 19h, no hall da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina. A obra de 236 páginas traz quase 1.000 fotografias, além de mapas, desenhos e textos que sintetizam a geografia, a história, o povoamento e a cultura de cada região, tendo o patrimônio natural e edificado como guia.

A edição bilíngue em português e inglês “quer chamar a atenção para uma arquitetura de qualidade e a conservação das paisagens natural e cultural, que são elementos da nossa identidade e merecem todo o cuidado, de maneira sustentável, para a utilização equilibrada e permanente de muitas gerações”, diz o autor na apresentação do impresso. Ele justifica: “de maneira geral, a arquitetura produzida no mundo vem sendo repetida em todas as cidades e sem muita criatividade. A qualidade está na criatividade e na harmonia com que obra está inserida no terreno, no bairro e na cidade, respeitando a escala humana, com funcionalidade, segurança, aproximando as pessoas”.

A minuciosa seleção de imagens, praticamente todas inéditas, resulta de incursões recentes pela Ilha de Santa Catarina e de três viagens às nove que compõem o arquipélago açoriano: agosto de 2010, julho de 2011 e março de 2013. Distribuídas em tamanhos diversos, elas ilustram o conteúdo escrito que contempla por meio do patrimônio arquitetônico e natural aspectos como hidrografia, clima, vegetação, relevo, diversidade marinha, ocupação do espaço, desenvolvimento, unidades de conservação, atividades econômicas, militarização, modo de vida, atividades esportivas, estradas, trilhas, turismo, folclore e manifestações religiosas.

Conforme prefacia o arquiteto e urbanista José Tabacow, professor da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), sobre a particularidade do livro, ele “materializa, de forma insofismável, a conexão cultural que existe entre o arquipélago dos Açores e o litoral catarinense; a diferença está no tratamento, tanto o iconográfico quanto o textual, que busca explicitar a unidade de cultura convergente das duas localidades”. Para Joel, “cada ilha possui a sua beleza singular, a sua paisagem magnífica, a sua arquitetura exemplar, mas todas têm uma riqueza em comum: as pessoas que lá vivem. Essa gente é amável, é hospitaleira e trata os visitantes com carinho e generosidade”.

Casario
O autor revela na obra a plasticidade visual de lugares geograficamente tão distantes e histórica e culturalmente tão próximos, e se atém por vários momentos a retratar a arquitetura na paisagem. “O que se observa na casa tradicional é que esta habitação de porta/janela e telha de capacanal de barro tem semelhante uma volumetria básica com telhado de duas águas, porém difere na distribuição interna dos cômodos, além de que a casa açoriana possui um volume característico da chaminé para o forno/fogão”.

Estas especificidades também ocorrem em menor grau dentro do próprio arquipélago açoriano. “O sistema construtivo é muito parecido, com uso de tijolos de barro e de concreto, lajes pré-moldadas, ferro, alumínio, concreto armado, etc. Talvez uma diferença, tenha sido a utilização do basalto vulcânico nas construções antigas”, explica.

Quanto ao casario do litoral catarinense, “é provável que os primeiros açorianos trouxeram consigo o saber da construção e adaptaram esse construir com os materiais que aqui existiam”, originando a arquitetura luso-brasileira – comum e erroneamente denominada açoriana. Aqui, ela tem forte expressão em municípios como São Francisco do Sul, Itajaí, Penha, Governador Celso Ramos, Biguaçu, São José, Florianópolis, Palhoça, Garopaba e Imbituba.

A conjuntura da Ilha de Santa Catarina em meados do século XVIII, quando aportaram os açorianos pioneiros, bem como os motivos da travessia oceânica, naturalmente, foram determinantes ao se projetar as edificações. “A paisagem urbana expressa as relações sociais e econômicas, bem como os modos de produção e consumo de cada período. Ela é resultado também das estruturas de poder político e diferentes formas de gestão”, explica na orelha do livro o arquiteto, urbanista e artista plástico Nelson Teixeira Netto, mestre em artes pelo Royal College of Art de Londres.

Diáspora
As ilhas açorianas – do Corvo, do Faial, das Flores, da Graciosa, do Pico, de Santa Maria, de São Jorge, de São Miguel e Terceira – legaram uma herança que foi assimilada e/ou mantida intacta na Ilha de Santa Catarina, mesmo depois de 265 anos. “Paisagem e Arquitetura” estampa com diversas cores, luzes e formas como este patrimônio se mantém na modernidade de lá e de cá, em pleno funcionamento ou conservado para contemplação. “Trata-se, pois, de uma obra de relevante importância, a qual vem contribuir para aproximar, cada vez mais, as ilhas atlânticas da que, hoje, é conhecida como 10ª ilha – Florianópolis”, descreve o diretor regional das comunidades do Governo da Região Autônoma dos Açores, Paulo César Câmara Teves.

“Este mesmo Oceano Atlântico entre o arquipélago dos Açores e a antiga Nossa Senhora do Desterro determinou, ao longo do tempo, diferenças culturais que foram sendo acentuadas pelas inevitáveis circunstâncias evolutivas e influências exóticas. Como esperado, cada cultura desenvolveu-se em função de suas próprias características. O mérito do trabalho de Joel Pacheco aqui é recuperar claramente os vínculos que faziam as conexões originais destas culturas”, acrescenta Tabacow.

Tais amarrações são perceptíveis à medida que o leitor folheia praias, lagoas, costões, pontes e trapiches, embarcações, pescadores, faróis, igrejas e capelas, figuras sacras, jardins, pisos, calçadas, portas e janelas, fachadas, vitrais, fechaduras, mercados, engenhos e moinhos, fortalezas, museus, mirantes e mais uma considerável gama de temas que o fotógrafo elegeu para eternizar com beleza e lirismo.

Dados técnicos
“Arquitetura e Paisagem – Florianópolis e Açores” é um trabalho idealizado e coordenado por Joel Pacheco, que assina os textos, as cerca de 1.000 fotografias e o projeto gráfico. As 236 páginas foram diagramadas por Denise Ouriques Medeiros e revisadas por Luiz Henrique da Silva. Edição bilíngue (português/inglês), foi traduzida pela ABS Traduções.

Impresso na gráfica Impressul, de Jaraguá do Sul (SC), tem formato quadrado de 28cm x 28cm, miolo em papel couchê brilho de 170 gramas, acabamento de costura e impressão em off-set, lombada quadrada, capa dura em papelão pinho e sobrecapa com orelha e laminação fosca. A tiragem inicial é de 2.000 exemplares, sendo 300 deles doados a bibliotecas brasileiras cadastradas no Ministério da Cultura e também dos Açores.

A obra fascina pela riqueza de informações e pela acuidade visual, tornando-se importante fonte de consulta para estudantes e profissionais de arquitetura, urbanismo, engenharia, paisagismo, fotografia, artes plásticas, decoração, artesanato, geografia, história, turismo, museologia, educação e gestão pública.

Em suas últimas folhas, há um glossário com quase 60 verbetes, uma fotomontagem que pode ser transformada em quadro e a orientação de como se montar uma casinha feita de origami. No dia do lançamento, o exemplar custará R$ 50 e será acompanhado da miniatura já montada e autografada. Também serão expostos vários modelos ampliados de fotomontagem que estarão à venda no local. Posteriormente, o livro irá para as prateleiras das livrarias Catarinense, Novel, Saraiva e Laselva, por R$ 100.

Produção independente do autor, assim como seus dois títulos anteriores, o projeto foi contemplado com os benefícios da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura (Lei Rouanet), o que possibilitou a captação de recursos junto às empresas Tractebel Energia – GDF Suez, Santa Rita Materiais Elétricos, Casas da Água e Prosul Engenharia. Além disso, angariou apoio institucional da Assembleia Legislativa catarinense e patrocínio do Governo da Região Autônoma dos Açores.

Sobre o autor
Nascido em Florianópolis, Joel Pacheco morou com a família nas proximidades do Forte Santana, sob a Ponte Hercílio Luz, entre os seis e 13 anos. O local, identificado como importante sítio arqueológico, também guarda as lembranças do antigo estaleiro Arataca. Foi neste ambiente que ele cresceu, entre ranchos de pescadores, brincando de jogar cacos de cerâmica no mar e soltando seus barquinhos de papel, madeira ou lata.

“O meu gosto pela arte vem desde criança, nos rabiscos pelas paredes da casa, com o toco de lápis preto e, às vezes, com o raro lápis de cor. O chão de terra era a tela de computador na qual se fazia o desenho da roda, o círculo quase perfeito, que demarcava o espaço para o jogo de bolinha de vidro (gude). Nesse momento, começava o direcionamento para as artes, para o design gráfico, para a fotografia e para a arquitetura.”

Arquiteto, fotógrafo, programador visual e pesquisador de temas como paisagem, etnografia e cultura popular, é autor dos livros “Florianópolis a 10ª Ilha dos Açores – O Encontro das Origens” (2004) e “A Canoa Baleeira dos Açores e da Ilha de Santa Catarina” (2009).

Participou como autor ou coautor de projetos e pesquisas vinculadas ao patrimônio cultural de Florianópolis e dos Açores/Portugal e ainda de diversos projetos gráficos: “Transporte Coletivo em Florianópolis” (livro), “Florianópolis Memória Urbana” (livro), “Atlas do Município de Florianópolis” (livro), “Fortalezas em Santa Catarina” (CD-ROM), “Guia Digital, Caminhos e Trilhas de Florianópolis” (livro e CD-ROM), “Fortes da Cidade”, “Roteiros do Ambiente”, “Circuito Cultural de Florianópolis”, “Construir Cultura” (livro). Realizou várias exposições fotográficas e publicou diversas séries de imagens em livros, revistas, cartões postais e telefônicos no Brasil, Portugal e Canadá.


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