Mundo Design: Artista transforma casa vitoriana usando paredes escuras e móveis vintage na Noruega
Villa Betula, na Noruega, é o poético refúgio de Maren Ingeborg Gråblomst
Foi em uma construção vitoriana cor de rosa, na área rural da Noruega, que Maren Ingeborg Gråblomst e seu marido construíram um paraíso particular. Artista à moda antiga, ela se guia pelo coração e deixa que a criatividade flua naturalmente, tanto que se tornou multidisciplinar: é musicista, pinta telas, fotografa e, como não poderia ser diferente, destila a linguagem que criou pelas paredes de sua morada, chamada Villa Betula, mesmo nome do site em que compartilha tudo o que faz e sente.
Mas ao contrário do que pode parecer a alguém que vê a construção millennial pink, os interiores não têm nada de delicados. Assim como sugere o sobrenome de Maren, que tambémé o nome de sua banda – Gråblomst significa flor acinzentada –, os ambientes são recheados de drama, objetos garimpados, personalidade pulsante e uma boa variedade de tons escuros.
“Eu busco inspiração nos castelos e casas abandonadas que já visitei ou que vi por fotos. Como era a atmosfera desses lugares e o sentimento que eles transmitiam? Como eu os transformaria e, então, como seria o sentimento que eles passariam a transmitir? É aí que eu encontro uma segunda fonte de inspiração: a emoção”, conta ela.
Transformação é uma palavra chave. A reforma da morada centenária foi completamente operada por ela e seu marido seguindo a filosofia de gastar o mínimo possível de dinheiro, mas esbanjar tempo, planejamento, pensamento, criatividade e trabalho manual – assim como fazem as mentes artísticas. “Algumas vezes a gente pira, porque estamos fazendo dez coisas ao mesmo tempo. Mas o fantástico é que a gente termina os projetos. Alguns têm uma vida mais longa que outros, e tem aqueles que seguem um rumo inesperado: minha primeira pintura, de 145x160m, que fica na sala verde, acabou se tornando a capa do segundo álbum da minha banda.”
Dentre as transformações mais drásticas, a velha garagem virou estúdio de gravação e alguns anexos foram erguidos com material reutilizado. Ou seja: eles parecem que sempre estiveram por lá e não custaram quase nada.
Todos os cômodos têm algo em comum: pé-direito alto, boa iluminação e tons profundos de verde, azul, preto e vinho, enquanto os pisos são pintados de cinza. “O meu maior truque para que os cômodos ganhem este efeito mágico é tingir o teto da mesma cor das paredes – enquanto elas ganham tinta fosca, o teto leva o máximo de brilho, para que assim a luz das luminárias e castiçais seja maximizada.”
O último projeto de Maren foi transformar em ateliê uma despensa em desuso. O ambiente ideal para que pudesse pintar devia ter um ar boêmio e obscuro de castelo antigo. “Pode parecer uma referência estranha, mas tem a ver com a atmosfera”, explica ela. “Eu não quero me limitar. Por que não deveria sonhar alto?”
Depois de alguns anos trabalhando em Villa Betula, garimpando móveis antigos, criando músicas e transformando cada ambiente em algo um pouco mais escuro e estiloso com as próprias mãos, até que sobrasse apenas um ambiente em que as paredes são claras – por pouco tempo, garante ela –, Maren viajou até Londres para ter uma masterclass com Abigail Ahern, conhecida por seu estilo dark e dramático, e descobriu que nunca mais gostaria de viver em uma casa tradicional.
“Minhas emoções e o estado da minha mente são o guia para minhas fotos, textos, letras de música e tudo que posto no meu site. Estou na luta contra a depressão e falar abertamente sobre isso me ajuda a melhorar cada dia. A água também me inspira de forma mais abstrata. Tudo só me leva a entender que eu deveria morar em um castelo próximo ao mar” conclui Maren, com sensibilidade e humor.
Fonte: casavogue
Fotos: Maren Ingeborg Gråblomst/ Villa Betula/ Divulgação